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Mulher, negra, ativista e intelectual


Foto: Januario Garcia


Gonzalez em Dacar (Senegal), em 1979. Arquivo pessoal


Lélia Gonzalez, nascida em Belo Horizonte, Brasil (1935 - 1994). Graduou-se em História e Filosofia, concluiu o Mestrado em Comunicação Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o doutorado em Política/Social em São Paulo na Universidade de São Paulo (USP), dedicando sua pesquisa à pesquisa sobre gênero e etnia.



González, considera seu período na academia um divisor de águas, pois foi quando ela tornou-se consciente do elitismo e do racismo institucional. As contradições começaram fazer parte do consciente de Lélia e a partir daí seu discurso, postura e escolhas começaram a mudar.




Em sua casa no Cosme Velho (Rio de Janeiro), Lélia fez muitas reuniões como ativista, seu irmão conta que aos 15 anos ele já sentia na pele o racismo e os debates que eles participavam com sua irmã ajudava ele a superar muitas situações.


Ela casou-se com o espanhol Luiz Carlos Gonzalez, seu amigo de faculdade em 1964. A família branca de seu marido não aceitava o relacionamento. “Pronto, daí aquilo que estava reprimido, todo um processo de internalização de um discurso ‘democrático racial’ veio à tona, e foi um contato direto com uma realidade muito dura”, relatou.


Lélia atuou na liderança e pioneirismo do movimento negro no Brasil, participou de importantes pesquisas sobre a cultura negra, fundou o MNU (Movimento Negro Unificado) e foi a primeira mulher negra a sair do país, como representante do movimento negro, em 1979, para debater a situação da mulher negra brasileira. Entre suas viagens, Lélia visitou a África duas vezes, indo para Angola e Senegal. Gonzalez escreveu alguns artigos e ensaios e publicou 2 livros: festas populares, de 1989, e O lugar de negro, de 1982 (coautoria com o sociólogo argentino Carlos Hasenbalg). Ela explorou temas como afrocentrismo, existencialismo, marxismo e desenvolveu seus próprios conceitos. Gonzales, influenciou mulheres negras na conscientização, na luta contra o racismo e o sexismo, lutou contra a ditadura, teve atuações relevantes na política, escreveu discursos e elaborou propostas do movimento negro, promovendo politicas contra discriminação de gênero. Sua produção reflete até hoje o lugar do negro na cultua brasileira, rompendo a dicotomia colonizador vs colonizado.


A gente não nasce negro, a gente se torna negro. É uma conquista dura, cruel e que se desenvolve pela vida da gente afora. Aí entra a questão da identidade que você vai construindo. Essa identidade negra não é uma coisa pronta, acabada. Então, para mim, uma pessoa negra que tem consciência de sua negritude está na luta contra o racismo. As outras são mulatas, marrons, pardos etc.”

Esse trecho está num depoimento de Lélia de Almeida Gonzalez, publicado em 1988.



Fotos: Arquivo de Lélia Gonzalez.








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